quarta-feira, 30 de junho de 2010

O ABORTO


Já que tanto me aporrinham pelos meus repetitivos temas bobinhos e fictícios (livros, sexo, seriados, sexo, vampiros, sexo, moda, sexo...rsrs), vou mostrar outro lado. O mais sério.
Sim, porque é um erro achar que todos só temos alguns poucos lados, certo? Eu sou a Elise ranzinza, a Elise nerd, a Elise tarada, a Elise ácida, ou crítica, ou tonta, mas também posso ser a Elise profissional, a Elise séria, a Elise professora de literatura, a Elise mãe, a Elise melancólica...

Bom, eu gosto muito dos textos da Márcia Tiburi (do Saia Justa, lembrou?). Não concordo com tudo que ela diz, óbvio, mas me encontro em muitos discursos dela. E admiro seu jeito sério e articulado de escrever. Eu, escrevendo, sou toda populacho. Sou escracho, sou gíria, sou falta de papas. E invejo, com inveja boa, quem consegue escrever como ela.
Também seria demais sequer pensar em me comparar - a mulher é filósofa, praticamente um gênio, raios! E eu estudei, o quê, 2 semestres de filosofia?!

Mas li recentemente alguns textos dela, que tratam de um tema muito falado atualmente: o aborto.

E fiquei com vontade de falar sobre aqui. Da minha maneira. Pouco séria, pouco articulada, e muito superficial. Mas que faz sentido à minha maneira.


Eu conheço diversas pessoas que fizeram aborto. Ou abortos.
Eu nunca fiz. Não sei se faria. A ideia não me agrada - me dá angústia, náusea e tristeza. Mais até por já ter sido mãe talvez, já ter tido uma gravidez. Eu amei ficar grávida.
Mas dizer nunca?
E se fosse imperativo? E se não fosse um caso de contracepção mal sucedida ou mera conveniência - e se se tratasse de um estupro, um risco de vida pra mim, ou uma completa falta de chances de sobrevivência do feto? Não sei. Não posso dizer.

Se eu sou contra? Não existe "ser contra".
Essa é uma questão de foro íntimo, e que não pode ser julgada em sociedade ou por outrém. A cada um cabe a culpa, a responsabilidade, a consciência, a escolha.
O que eu posso afirmar com certeza é: a decisão, por si só, já é traumática o suficiente.

Imagine ainda ter de ser perigosa, arriscada, ilegal?
EU não faria. ACHO que não. Mas como posso obrigar outras pessoas a terem o mesmo julgamento que eu?

Somos todos tão diferentes; temos criações, religiões, conceitos, paradigmas, hábitos tão diferentes. Como esperar que pensemos todos iguais a respeito disso? De uma questão que envolve a escolha no próprio corpo? Como posso esperar que sintam o que eu sinto?
Que pensem como eu penso? Como posso esperar que pessoas do sexo masculino opinem, quando não tem nem uma fração da noção do que se passa?

Por isso eu sou PRÓ.
Não pró aborto, pois isso é uma bobagem. Ninguém incentiva ninguém a abortar.
Mas sou pró escolha.
Por respeitar o direito das pessoas pensarem diferente. Por respeitar o direito de discordarem de mim.

E eu quero ter esse direito: quero poder dizer - NÃO, OBRIGADA.
Não quero uma sociedade paternalista e hipócrita me dizendo o que posso ou não com meu corpo!

Falso moralismo dizer que vai contra a religião tal e tal - os indivíduos dessa religião não o farão, legal ou não. Falso moralismo dizer que será usado como método contraceptivo da baixa renda, quando o Estado não se preocupa com a mesma baixa renda tendo 6, 7 filhos na mais absoluta pobreza, e fazendo abortos com agulhas de tricô em fundos de quintal.

Quem precisou e precisar fazer, fez e fará. Legal ou não. Isso não vai mudar.
O que vai mudar é o preconceito, a falta de higiene, a falta de segurança.

É isso.
É contra seus princípios? Não faça.
Respeite quem pensa diferente.
Pare de pensar com a cabeça dos outros - com a cabeça da sua criação, com a cabeça da sua religião, e passe a pensar com a sua própria cabeça.

Leia os textos da Mácia Tiburi aqui "O aborto dos outros" e  "Aborto, soberania e a mudez das mulheres"

Se interessar, dê uma espiada no blog dela, o Pink punk


Ilustração: Márcia Tiburi

18 comentários:

Táta disse...

Oi...
Concordo com você em tudo o que disse.
Também acho que não faria um aborto, tambem não incentivo ninguem a fazer, mas sou a favor do direito a escolha, do direito a discordarem de mim.
E concordo que quem precisou fazer fez e fará. Aposto que quase todo mundo conhece alguém que já fez.

Beijos Elise.

Unknown disse...

Eu odeio essa mentalidade que algumas religiões (inclusive a católica) têm de querer que o mundo inteiro siga os seus preceitos e deixe de evoluir porque ELA acha que não deve. É bispo dizendo que não pode aborto de anencéfalo nem pesquisa de célula tronco, é padre dizendo que não pode abortar... pô, vão se catar. Tenho uma amiga que diz que se fica sabendo que uma amiga dela fez aborto ela para de falar com a pessoa... ¬¬
Sério, vão se catar, e muito.

Anônimo disse...

Concordo Saladera!!! Acho que as pessoas tem que ter opção. Livre arbitrio. Poder decidir de forma segura, legal, supervisionada se dará ou não continuidade a uma gestação.
Manter o aborto ilegal só aumenta o número de mulheres com complicações, infecções e perda da capacidade reprodutiva. Muitas pesquisas são feitas e o número de abortos sempre aumenta. Ou seja, a política adotada atualmente não protege ninguém, nem a mãe e muito menos o feto.
Eu sou pro escolha também. Mas antes de ser pro escolha, sou pro educação. Eita utopia danada!!!!
Beijas Saladera.

Ana Cristina - Curitiba/PR

Adriana Pereira disse...

Concordo com vc Gata!
Eu nunca quis ter filhos, nunca fiquei grávida, mas não teria coragem de fazer um aborto se a gravidez acontecesse.
Mas eu sou a favor da escolha, de fazer o aborto num lugar decente, com médicos sérios, com assistência. Cada um sabe de sí.
E eu odeio qualquer tipo de controle sobre a minha vontade.
Beijos

Jú Darmanceff disse...

elise! para de ser mané! kkkk
eu leio seu blog diariamente.. aperto f5 pra ter certeza que vc não atualizou.. (tá, quase nunca comento!) mas olha, detesto esse negocio de vampiro.. e isso não me incomoda, viu?! para de perde o tempo com esse povo chato, pq isso não paresse com vc..
e falando de outro assunto, sinceramente? eu acho q mto coisa deveria ser liberada, legalizada.. a gente ia evitar tanta coisa.. pensa, uma mãe q opta por ter um filho, não o abandonaria nas ruas deixando-o a deriva de todo tipo de esquema envolvendo as drogas, dois pontos em um só.
bjos

Jú Darmanceff disse...

elise! para de ser mané! kkkk
eu leio seu blog diariamente.. aperto f5 pra ter certeza que vc não atualizou.. (tá, quase nunca comento!) mas olha, detesto esse negocio de vampiro.. e isso não me incomoda, viu?! para de perde o tempo com esse povo chato, pq isso não paresse com vc..
e falando de outro assunto, sinceramente? eu acho q mto coisa deveria ser liberada, legalizada.. a gente ia evitar tanta coisa.. pensa, uma mãe q opta por ter um filho, não o abandonaria nas ruas deixando-o a deriva de todo tipo de esquema envolvendo as drogas, dois pontos em um só.
bjos

Anônimo disse...

Penso como você, não sei se faria, creio q faltaria coragem...mas não estou na situação pra saber...

Também sou a favor da legalização por motivos bem simples:

O estado é laico, ou seja, não deveriam prevalecer dogmas religiosos numa questão que trata de saúde pública (gastos alarmantes pras vítimas de abortos mal feitos) e mesmo de segurança e qualidade de vida (pra que a mulher vai ser obrigada a ter o diacho dessa criança pra depois botar num saco e jogar na lagoa, jogar no LIXO, maltratar a vida inteira, não ter condições de criar bem...pergunto pra esses pseudo moralistas: é BEM melhor assim né? melhor ter e espancar, ter e maltratar do q dar fim a isso quando ainda é só uma forma primária de vida, q não tem sistema nervoso e nada vai saber ou snetir, certo? é esdrúxulo essa lógica de preservar a "vida" por preservar...de nada adianta uma vida se ela só vai ser miserável)

E outra, os pseudo moralistas geralmente são muito assim enquanto acontece com os outros...não sei se vc já ouviu essa, mas sabe qual é a diferença entre o homossexual e a bixa?

A bixa é o filho dos vizinhos, homossexual é o nosso...é a mesma coisa...é errado, é assassinato, devia ir pro inferno quando vê na tv, quando acontece com conhecidos...no dia em q é a filha dele, a menina foi enganada, foi um acidente, não tinha condições, ia ser a vergonha da família, aparecem mil justificativas plausíveis...faça o q eu digo não faça o q eu faço, maior hipocrisia que existe

Por isso eu digo q ACHO tb q não faria, quem sou eu pra dizer q nunca qqr coisa? eu não sei, não estou na pele do outro, não sou ninguém pra julgar ou dizer q uma menina TEM q seguir uma gravidez a qqr custo...na minha visão, o ideal é ter filhos se quer/pode criá-los bem...se é pra por no mundo pra virar um infeliz ou mesmo um marginal, eu acharia mais razoável interromper essa desgraça anunciada o quanto antes

Anônimo disse...

eu tbm não tenho uma opinião bem formada.....só quem esteve na situação é que sabe o que sentiu, né....sou a favor da legalização para abortos em caso de estupro (imagine oq deve ser olhar e cuidar pro resto da vida de uma criança q foi fruto de uma violência), mas, de certa forma, sou contra essas meninas q não se cuidam, engravidam atoa e acham q o aborto resolve tudo.
Se queremos o direito de dizer não, pq não evitar engravidar, então...pode-se dizer não ao sexo sem camisinha, dizer não ao não uso de anticoncepcional....há tantas maneiras.

Anônimo disse...

Oi Elise,
eu já fiz um aborto na minha adolescência e não me arrependo.
Não foi fácil pq meus pais não podiam saber. Tomei remédios, sangrei demais e tinha que continuar com a minha rotina. Ia a pé para a faculdade e sentia muitas dores.
Hoje, 10 anos depois, acho que não faria de novo, mas na época sei que foi uma decisão acertada.
O dito "pai" sumiu quando ficou sabendo (éramos namorados) e depois que eu "resolvi o assunto" ele queria voltar.
Sei que parece covardia fazer comentários anônimos, mas prefiro assim.

Bjs e parabéns pelo blog!

MARIANA disse...

Finalmente eu encontrei alguém que conseguiu escrever tudo aquilo que tento explicar qndo alguém me pergunta sobre aborto!
Amei seu texto, e principalmente, sua sinceridade!!!
Penso comom vc, cada um tem direito de escolher o que julga ser melhor para ela/e.
Sou louca pra ser mãe, sonho antigo... Portanto não faria, não indicaria.. Mas tb não julgaria errada a pessoa que fez ou vai fazer, ela so pensa diferente de mim, e tenho obrigação de respeita-la!!!
Amei o blog, voltarei sempre!!!
Parabéns pelo texto!!!


Beijos,
Mari

MARIANA disse...

Finalmente eu encontrei alguém que conseguiu escrever tudo aquilo que tento explicar qndo alguém me pergunta sobre aborto!
Amei seu texto, e principalmente, sua sinceridade!!!
Penso comom vc, cada um tem direito de escolher o que julga ser melhor para ela/e.
Sou louca pra ser mãe, sonho antigo... Portanto não faria, não indicaria.. Mas tb não julgaria errada a pessoa que fez ou vai fazer, ela so pensa diferente de mim, e tenho obrigação de respeita-la!!!
Amei o blog, voltarei sempre!!!
Parabéns pelo texto!!!


Beijos,
Mari

Unknown disse...

Lise... você falou bem!
Se eu faria?! Não sei... neste momento digo não, mas e se acontecer alguma coisa? No momento que eu precisar decidir, é aquele momento que conta, é naquele momento que vou precisar pensar e que tudo o que acredito poderá mudar!
O pior é a igreja, ela deveria evoluir... pois é contra tudo o que já faz parte da nossa rotina, como sexo antes do casamento e preservativo! Que pensamento mais retrógrado!!! E o pior é que eles acabam não ajudando em nada!

Anônimo disse...

Tema complicado esse...
Uma conhecida já estava no seu décimo quinto...
Para ela, o aborto era tranquilamente usado como método contraceptivo.
Na minha opinião, assim também já é demais!!!!
Sou a favor, mas somente em caso de estupro e risco de vida para a gestante.
Nos demais, prefiro acreditar que hoje em dia, só engravida quem quer!!!! Com a variedade de métodos anticoncepcionais que possuímos, recorrer ao aborto para isso é completamente INSANO!
Bjusss!
Rê.

Anônimo disse...

Elise,cada vez mais eu adoro esse blog e muito mais a pessoa por trás disto aqui! Se tem uma pessoa do "virtual" que eu realmente gostaria de conhecer na "real" é tu, guria! Adorei este post, como aliás gostei de todos os outros mesmo que em alguns casos tenhamos opiniões diferentes sobre as diversas situações e tal.
Nunca fiz um aborto, mas se fosse preciso acho que faria. Digo "acho" porque não tenho plena certeza, talvez sim talvez não. Mas não sou contra, cada mulher deve ter o direito de decidir sobre o próprio corpo.Só tenho certeza sim de que não usaria esta opção como método contraceptivo, aí seria um pouco demais até mesmo para uma pessoa como eu.
Cherrie, não dê importãncia para alguns poucos imbecis que se acham donos da verdade e com falso moralismo pensam que podem sair por aí cagando regras para os outros!
Otimo blog!ótima blogueira! Maravilhosa pessoa+mulher+mãe Elise!
Beijão!
Cris Gayer

O Gato do Balaio disse...

Sou pró escolha!
Hoje eu NUNCA faria... amanhã.... sei-lá o que pode acontecer comigo...

Flávia A. disse...

Poxa, que post legal... uma por você se expôr pra um assunto que, querendo ou não,ainda é um mega tabu...Dia desses li um post a esse respeito em outro blog (não lembro o end!) e o rapaz também era a favor da legalização e foi TÃO bombardeado!! Baixarias do tipo "então sua mãe deveria ter te abortado,assim a gente não leria esse absurdo", RIDÍCULO! E aí emendo a outra parte legal do seu post: só gente legal nos comentários! Não digo isso pq eu concordo com td (também não sei se faria um aborto,mas sou totalmente contra a criminalização dele...),mas pq tive mto a impressão de que a educação prevalecerá, mesmo por quem discordar! Tomara que a impressão esteja correta! =)

No mais, acho que nunca vou cansar de elogiar o blog... leitura diária MESMO!

Bjaum,Elise!

Anny disse...

Elise, sou pró escolha!!
Sobre vampiros e outros temas PELAMORDASANTA continua!!!! Nós, saladeras adoramos.
bjukas

Ruiva disse...

Cara, concordo tanto com o que você disse..
Por que os homens acham que podem decidir isso por nós?
Certa vez achei que estava grávida e quase surtei. Nem por causa de religião, família ou sociedade, mas por toda a situação que envolvia a suposta gravidez. Na hora liguei pra um amigão (que é médico) e contei o drama, que ia abortar se estivesse prenha, bla bla bla. Ele primeiro me falou dos problemas pelo ponto de vista médico e depois disse que, se essa fosse mesmo a minha escolha, ele estaria comigo e não me deixaria fazer numa clinica qualquer.
Mas eu teria que conviver eternamente com minha escolha e as consequências dela. Por que razão deixaria outra pessoa interferir na minha decisão?!

Beijão, bonita.